Nunca é Velha a Esperança
€3.00
Autor: António Cardoso
Editora: Ulmeiro
Colecção: Obras Completas de António Cardoso
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Nunca é Velha a Esperança, de António Cardoso.
Uma simples explicação necessária: Nos momentos mais vivos de esperança sempre pensei sair com vida e, então, julgava, poderia ser a hora de selecionar e publicar algo de tudo o que escrevi nos quase 13 anos de cadeia, mesmo que ainda houvesse pides. Logo-logo. Felizmente não foi. 74 75 era tempo de muita mais luta, mais dinâmica, nada tão aparentemente morta estagnada, como, por vezes, a cadeia parecia, ou o desânimo favorecia. Assim foi passando o tempo, febril, com muita coisa mais necessária e a liberdade veio. E no entanto, só eu sei, e ninguém pode sentir, quanto eu gostaria de ter vindo para a rua, já há muito, e, já na minha terra, com o meu suor!
E, se agora, em 1979, ainda continua sendo tempo de muita coisa mais necessária, para mais agora, ( escrevo isto em 18/9/79, incrédulo e sangrando ainda como todo o Povo Angolano), também o vai sendo de ir percebendo, estes rebates de uma carcaça que, como todas, é de carne, osso e nervo… enferrujado…
Assim, estou na hora de ir começando a arrumar papéis… Quem se iria preocupar com eles, para mais tão desarrumados e ilegíveis!
De qualquer forma, e apesar dos rebates, não me é possível trabalhar toda a pilha de poesia, quantas vezes feita só para me entreter e não enlouquecer, para a publicar da maneira que mais gostaria: num só livro, os poemas alinhados por ordem de datas, numa espécie de diário. Restou, portanto, esta saída: publicar pequenos cadernos com aqueles poemas que mal foram paridos, logo ficaram conseguidos, ou que, com um leve poda e arejamento, são passíveis de circulação, perdoe-se-me a ingenuidade. Os que ainda não me satisfazem, para andar na rua ( se calhar erro meu ), tirando evidentemente, os impublicáveis, sem cura possível ,tão infelizes, ficaram; Esses sairão um dia, se o tempo permitir podá-los trabalhosamente. ( Então, espero vir a concluir que os rebates de agora soaram a falso )
António Cardoso
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